17 de julho de 2010

Matem-no!

Matem este pobre coitado
que se diz " Clayton pires
o poeta das águas"
que na vida
nunca foi valorizado

Matem-no
de braços abertos
pro mundo

por carregar
em suas mãos
sacos de tristes
palavras roubadas
e confiar nas histórias forjadas
de supostas amantes (fracas)
que sempre usaram o tempo
para deixa-lo jogado de lado

Matem-no. Vos digo
Não por interesse:

com uma punhalada
pois o morto
como vítima da vida
Morre pra se tornar ídolo
(coisa que já não se vale mais nada)

Clayton Pires

Avisada foi

Fique com os burburinhos
da chuva
titubeando em seus ouvidos

Você já tem os embrulhos
de presentes,
os perfumes
as cartas velhas
e suas razões esquizofrênicas

não me cobre palavras gratuitas
nem elogios
nem conselhos ou consolo

já acabou a sintonia
acabou a melodia

Quem mandou desligar meu radinho?

Como fazer poesia?

É preciso viver
pra se ter algo.

É como uma caixa
de brinquedos e palavras:
Espalhe o não-dito
o espasmo e a dor
no meio da sala

Na verdade é alquimia:
Junte as verdades-meias
Cueca suja, roupa distorcida
Calça rasgada

Jogue no caldeirão e mexa
até formar caldo

Ou crie poesia de aprendiz:

criança recém-nascida,
no começo não fala
depois se descabe
com cada passo dado
da vida

se encanta e desarma.

Clayton Pires