31 de julho de 2018

BLEFE


Pegue uma mão

não pense que sei
muita coisa. É somente
um jogo onde saber
é o maior perigo

pense comigo, um straigh
pode ser a solução
pega as moedas, segue
outro caminho
(Street, talvez?)

a vida é um doce e a outra
língua é um som que dirijo
como um garoto dirige -escondido-

vai jogar?
melhor que esteja sozinho
pode, talvez vir um flush
a mão é única, escolhe
questão de segundos
move as mãos: não.

Ohana te chama
lembra que tudo apenas
diversão, river flop draw
um nome, apenas um nome
Beatriz
             swings
                          Local

Sleep times

Moça (Won you)


Ainda não sei
tua presença
abre ou fecha
a ferida -qcoisa-

perdi de mim
a única coisa que presta
se era poeta eu
versos bonitos
bem tecidos -ritmo-

hoje já não sei
se falas por ti
se falas por mim
é que a coisa é tanta
quanto mais tu plantas

bate bate daí
bate aqui. Eu considero
Um "ai que" Mas
Vem cá, poderia ser tudo:
Wake, like that look Lucky
tarde tarde tarde

moça, se eu soubesse
o que estamos fazendo
me faltam palavras
me resta tudo

Soul nada

Chega um tempo... Não. não, chega.



Desculpe, mas preciso abrir o jogo. Drummond não era triste, Fernando pessoa não era atormentado, poetas não são loucos. Chega um tempo, um tempo de total sublimação. É isso. Viver não é correr atrás da felicidade, eu sempre soube disso. Viver... é. Sentimentos, todos, são lindos. Viver verdadeiramente não é algo profundo. Viver simplesmente é.
Chega um tempo, para muitos, deve chegar sim um tempo de arrependimento e é claro, nos colhemos o que plantamos. Me arrependo de algo? Não, porém já machuquei tanta gente sem querer que senti como se tivesse cortando a mim. Mas a ferida estanca no tempo dela, as coisas passam e a gente percebe que o que aconteceu se tornou em mais um degrau da escada onde queremos chegar.
A vida é curta, breve. Hoje não temos mais tempo para contar histórias, como faziam nossos pais, quando não existia Tv nem celulares. Hoje, pelo menos próximo a mim encontrar um violeiro é como achar uma agulha no palheiro. Mas eu me recordo do meu passado, me recordo das rodas, das sopas, do ajeitar-se 15 em uma casa feita de saibro e estrutura de bambu.
Fosse minha avó dizendo, feliz ou triste pra tudo se dá um jeito.

Piscando



Avistei uma estrela
cadente
        agora
Já não interessa o certo
ando preferindo o duvidoso
que me deixa mais curioso
não fosse pela pobre rima
encima
            A vida
Mais leve
               Pressente

PENA



quando nasci, um anjo torto
disse tudo cheio de si:
vai sofrer na vida.

coisa besta de dizer
pra quem vê as coisas no avesso

Eu moleque travesso soltei pipa
joguei pião rodei borquinha
cacei Minas pedras puras e touros
por não saber minha sina

Então ele disse, não vai dizer
que tudo é barulho
é claro que não
ser feliz é contra a razão

quando eu nasci
não havia sombra
não haviam ruas
o relógio era o sol e a lua
havia saudade
e ela insiste

Clayton Pires

Lagarta


Na teoria reversa
Quando você se expressa
Com grito, a palavra
Existe
          Avessa e o número 3
Faz sucesso, mas não se mostra
Pois no teclado, ele não consegue
Virar do avesso
Porém, a intenção continua
ACESA

Yellowstones and blues
Fly

Buter

ENGRAÇADINHO



para teu desgosto
devo interferir no discurso:

meu caro, eu não vim até aqui
contando milha por milha
pedindo café e bebendo água
agradecendo a cada gota de chuva
em meu rosto e cada raio de luz
em meu lombo, para tu bateres
no peito a dizer: 'POETA BOM
É POETA MORTO.' pera lá,
mais respeito aos seres
que ainda estão por vir

enquanto te afundas no limbo
das técnicas gramaticais, eu bato
no teu ombro, tá lindo! meu amigo
mas o que eu gostaria de dizer
é que não há sentimento

quando não se tem o que intuir
e por enquanto ficamos por isso
para a plateia não ficar no "deixa
disso" eu te digo sorrindo
poeta bom é poeta solto!

Quero um poema



QUERO! ENTENDEU?
há muito tempo esse sentimento
não me toma. EU QUERO AGORA
como uma criança que enfia
o dedo na tomada e não tem noção
do perigo. Mim dá um poema agora
MÃE, café com açúcar, bem docinho
Eu prometo ouvi-la bem baixinho
Eu juro juro juro de pé junto
Que é só esse poema

(Dedos  e mãos expostos
porém pernas cruzadas)

Agora eu fico aqui, perdido
Assim que eu quero ficar
Dentro dessas palavras
Do teu cais... Esqueço dos meus ais
e venero os meus aos

Sem muita alegoria,
a poesia me revigora
Enquanto pensas que tudo tem que ter sentido
E inteligência

Eu não sou aquele que pensa,
Sou aquele que faz.

Fiz um docinho



Vai açúcar e um monte
de ingredientes, chamo
de segredinho. Experimente
por na boca e mastigar
devagarinho. Vais pensar
que é chiclé, eu chamo
de esticadinho. É um doce
diferente, pela intenção
você masca, se tiver coragem
vai para o estômago e pensamento
-bom- tudo funciona lentamente

Vamos para a parte que interessa
hoje é dia de festa, olhei pela fresta
do meu coração e lá estava tu
e tudo, tudo que eu esperava
em contrição. Coisa chata:
contrição. Palavra é assim que
deveria estar. Mas enfim,
Estavas lá, tudo tudo em torno
das coisas, o sol, arbol, arco íris
e dentro da tua íris, meu amor.

do que mesmo estavamos falando?
segredinhos

CARPE DIEM



Há sempre um momento
exato de colheita
Já não existe mais tempo
para plantio, não existe mais
rua estreita, vaso vazio

Hoje tudo se preenche
tudo movimenta tudo aprende
instantâneamente

Rosto fixado numa tela branca
procurando o que a tela não enche
o agora, sempre o agora
Destrutivel agora

a nossa frente, em nossas mãos
a colheita

Ciclos



A vida é tão bela
por ela me mantenho
em movimento

olhando no horizonte
as pontes, os filmes
meu firmamento

as lembranças
as andanças
asas brancas

de um eterno
aprendiz
do que é etéreo

a vida, tão frágil
e pequenininha
sorri, na palma
de minhas mãos

são ciclos,
uma dança,
uma concha

que vibra
e ecoa

a vida sem
pre

Milonga


Dança
Dança apenas
uma dança apenas
para agradecer:
valeu a pena.

canta
canta e não se cansa
das andanças 
o rito: esperança

se conhecer apenas
labirintos
O lugar

Escuridão

noite longa

Se as estrelas falassem



Já imaginou?
Tudo aquilo que você faz
fora do teto da sua casa
 já imaginou que as estrelas
Não se apagam?

Talvez você tenha se apegado
a essa "coisa" que se chama de noite
Tanto que você não sabe se isso é prosa
Ou poema. Tanto faz tanto fiz
a linguagem é poética

Já imaginou? Você olhando para o céu
em plena luz do dia, estrelas, estrelas e mais estrelas, você está vendo
e não tomou nenhum remedinho
Não precisou de psiquiatra, não está vendo "bichos feios" não está
louco. Isso é pouco:

Já imaginou que a palavra consiste
Insiste em dizer, ferir, ferir ferir
deixar triste. Desiste
o muito que você sabe é nada.

Já imaginou? Boca fechada
dedo em riste, concentração
estrela nem existe.

Improviso



Sessão descarrego
Você sempre suspeito
No fio da batalha
Mas nunca foi preso
Carpe Diem o passado insiste
A inveja existe e não desiste
Sangue sangue ferve nas veias
Aponta sempre os que sugam
Mas não Mata, nenhum babaca
Que vive como barata comendo restos
de esgoto
Na espreita
E tu continua caminhando
Rua estreita, o mundo é um trem
E você armado
O mal vem o tempo todo
Eu estou preparado

Prova



2+2 é três eu sei que é
pela forma que se vê
isso nem é matemática
é lógica

imagina
mil anos para provar que
180°graus é meia lua
para mim 369° é um círculo
comprovar? desisto

2+2 é 3
eu digo pelo cheiro
e pelo exercício
eu contigo
somos únicos

nada mais

Resistência


Não é arte
tudo faz parte
do que bate
contra a maré

É questão de amar
cada minuto
com a certeza
que tudo vai acabar

é saber que a vida
é um curta
e numa pequena disputa

você perde
o que mais valioso
havia, ave
dignidade

Santa espera
senta, suas preces
sejam ouvidas

o tempo é agora
e amanhã
a continuidade

precisa

não sou poeta



já vi tantos poetas
e tantos versos por aí
cada dia mais aprendo
que não sou poeta

poetas versejam a vida
a beleza de ser âncora
e cais, ser vela em vendaval

quem sou? qualquer coisa
menos poeta. Te explico
o motivo dos meus ais:

cortei algumas frases
para chamar de versos
tudo isso para ser perverso
dizer-te coisas que poetas
não tem coragem de dizer:
na ponta da língua,
no meio dos meus dedos
é bem simples
eu te amo!
bem baixinho
para os poetas
as palavras pesam mais

Filhos, melhor não tê-los"


Mãe, a louca que aceitou receber essa missão. Pai o trouxa que vai ajuda-la a moldar esse serzinho que veio ao mundo. Vida: essa coisa que nos empurra de forma tão assustadora que, de repente: cinquenta anos, 60 anos, avó/avô e...o recomeço. A intenção de fazer para o filho do filho o que não fizemos para nosso filho: redimir.

Nós seres humanos, somos tão bobos e é bom que seja assim, coração mole.

Muitas vezes pessoas me pegam para dizer coisas, dar conselhos ou usar do argumento que falo muito de si. A verdade é que a única coisa que sei é conheço bem na vida sou eu. As outras coisas admiro ou vomito.

A vida é simples, aprendi com os jornais a puxar manchetes a partir de uma frase de impacto. O texto? Pouco importa, todo mundo escreve, todo mundo é capaz de escrever.

Orgulho da mamãe, que bom que somos. E eu me lembro de cada conquista minha e a alegria de minha veia ao falar com as amigas dela.

Dos que estão aqui e estão vivos... Quem não?

Diz que me disse



Benquerer ou malquerer
Qual metáfora usaremos?
Deve haver uma temperança

Falaremos que desgraça
acontece no meio termo,
no que não se arrisca?

Fica a dica

A sorte existe,
Mas ela vive
Lado a lado
Com o trabalho
Do que insiste

Azar? Deve ser
transitivo
daquele que tem asa
mas não voa
arrazoa

Sexta



Hoje é dia de festa
de comer tudo que presta
beber e não cair

Usar tudo que aprendi
durante os outros dias
da semana. Tirar o atraso
fazer coisas indubitáveis

Sem grana. Entrar na festa
do João Neto na fazenda
do alto da lua na rua da felicidade eterna
Viu só? Uma imagem
na sua cabeça

Hoje é dia de dança,
Bailar até cansar
menina, nos seus cabelos
fazer trança

sob a noite clara
esquecer nossos nomes
nosso rumo
nosso passado

Lembrar  desse pretexto
é sexta sempre que te vejo
é para isso que me preparo
enquanto desfaço em nós

é sexta e ao seu lado apenas
do seu lado
meu coração é des-perto

AUTO LÁ


são sempre sinais
vistos sobre outro prisma
feitos por outro alguém

é sempre um pedido
fumaça feita em uma ilha
fogo que mantém o amanhã

um avião passa bem alto
atravessa nuvens e vê algo novo
Beira mar
Ourizonte
o errado sendo certo
o avião segue o fluxo dos ventos
Fosse paixão diria:
Viva nós -mas não-
Vivatú!

Gato



Folgado
Triste ou traste
Sua presença é sempre mais
Ronrona no meu peito
é o seu jeito
[Gato preto]

agora pede
Comida!
faz birra ou brinca
-em cima do muro-
Seja um ou vinte
cada cor

nos seus olhos
um espírito
Contraste

Legalmente



Sou assim porque nasci
Repito: é meu dilema
usar palavra como apito
Trocar o dito pelo dito
é o esquema, pois se pra ti
A verdade dói, porém a mim
ela faz labirinto. E é do vazio
Que m se alimenta
A alma, inventa como gata
No cio sempre algum esquema
Um novo ciclo um outro cio

 Por outro lado é meu prisma
e é só meu, é um meu ritmo
meu espírito que se cria
-ou, pelo menos tenta- narciso
um novo fio, a cada pena

remoe tudo que existe, faz cena
Pra dizer que o que há fora
Já insiste no poema
Legacity! do jeito que eu gosto
Brasileiro que sou
Vira lata e prepotente
Que na calçada da fama
Persiste

Bêbado,
louco, atormentado
Chato!

Voltamos para aquele antebrema
um novo ciclo que -por favor- flua
Se hoje sei, realmente dont say.

Condição



Hoje estou triste
Triste de dar medo
o mundo pra mim não tem mais segredo

Em tudo que existe,
toda porta que insiste
Eu abro os olhos e grito

NÃO

Eu não acredito
que a felicidade
existe e é uma pipa
nas mãos de uma criança
que está prestes a vê-la
avuar

Arrebol



no parque
você balança ao sol
enquanto se divertem
os corações {a sós}

Amanhece



E tudo que sei
Não sou. Estou

Há uma luz forte em meus olhos
não sei o nome
clareia, agita, aquece
bate nas ondas da praia
eu não sei o nome

Sei que essa luz acaba
num período que não sei muito bem
Contar o seu período

meu corpo gosta
Se acostuma
 mesmo sabendo que queima
Essa luz que ele precisa

Acaba. Agora escuro
A luz permanece movimentando-se
não esquenta, não aquece
 aponta sempre uma direção
É luz também mas é fria

É o dia em que não sei
essa luz que aponta
não aponta mais,
não amanhece
 nem reluz

E as palavras,
 as concordâncias gramáticais,
 a semântica
Já não importam mais
Tudo é silêncio
Quase que imperceptível

CISMA



é mais do mesmo
mãos dispostas a esmo

Iniciar o jogo prevendo a derrota
olhar para o outro em sinal de desprezo

Estimas? Não.
acreditas que tudo
te apurrinhas.

Um embrulho das tuas mãos
para dentro do estômago

te acostumas com esta comida
amarga e te tornas uma alma nociva

acreditas apenas no que acreditas
tudo é terrível, é péssimo
é ridículo

Só não consegues pensar
em olhar por outro prisma

Desejo


Quebram-se os feitiços
Sob o olhar de uma gata

Desde então e agora
6 olhos em torno de uma caixa
Poderiam ser 12- o efeito -
o mesmo. O mundo lá fora
Já não tem males nem trapaças
Agora homem não sabe mais

nus no quarto, a vitrola toca
a última canção de amor
Pandora fecha a caixa e adora

VITRINE



É assim que os vejo
em manequins
bem vestidos
fazendo pedidos
a querubins

eles sonham os sonhos
dos deuses, e estes
em suas redomas
escondem segredos
como se fosse únicos
os seus desejos

fazem os não pensar(...)
 -Manequins- não tem
esse poder, nem direito
apenas o dever de estar

Aos meus olhos
tudo é visto
apenas de um jeito

o não e sem vida
assistimos relampejos

o sim e tudo revive
no lastro de um beijo

sem duo, o infinito
que maldade há de existir
nos desejos?

Fagulha



É julho e já me esqueci
das promessas de junho
porém te assopro um riso frouxo
no rosto e é só o que temos

A graça do olhar,
as mãos congeladas,
a certeza de que tá frio
pegamos ambos varetas
para riscar o que restou
do passado. Brasa, cinzas

 o fluxo dos ventos que assopra
nossos rostos, e os poemas
em minhas mãos. Convido-a
Para entrar -uma xícara de chá
de hortelã- e na vitrola um disco
de johann Sebastian bach. Ar, graça
a criança que voa no seu sorriso
dança,
pulsa
meu coração então sonha eterniza-la
numa garrafa de vinho

Ah amor!



Há muita coisa lá fora
como dizem os poetas
preciso esperar a aurora
não viver os tempos de outrora

Nosso tempo é agora
E agora agora estamos tão distantes
soubesse eu disso antes
não a deixaria ir embora

Ah, do que mesmo estávamos falando?
Muso e musa? Pegue o isqueiro
acenda um charuto
cheiro ficou em minha blusa

desde então nunca mais escrevi
outra música.

Contrato



Te dou a dica:
por amor só por amor
você fica
e deixa pra trás
as cartas, os desamores
desafetos, os maltratos

entenda que isso é isso
assina o combinado
-grita- SOU LIVRE

agora

 esquece os anseios
os meios, os pedidos
-perdidos- e veja:

O teto, o abrigo
os abraços amigos
os passos, lado a lado
arroz feijão no prato

desculpe o tom
Autoritário:
agradece.

Laico



dos meios do coração
sou sujeito
e sambo do seu jeito
e como for o ritmo
eu sigo mesmo
aprendiz dos instantes
faço dos nossos passos
um motivo

no final do baile
depois da dança
dencansa
é somente o preço
 da esperança

o futuro
 não sabemos

Se me vires
de longe um trem
no alto do morro

Só corre

Meu bem.

ESCONDIDINHO



Te amo apenas pelo som que ecoa a junção das sílabas te amo por saber que nessa linha de raciocínio não faria a menor diferença um t-amo sem o E é esse efeito que me causas os versos fluindo sem nenhuma intenção maior apenas sendo e mais nada. entender? Não apenas chamo o teu nome meu amor amor que amo como uma criança que se esconde atrás da porta e fica olhando de cantinho. "Eu sou poeta eu sou? Qualquer resposta verdadeira E poderei ama-lo" Adélia Prado

com licença poética


divisão falha
mãos entrelaçadas
dois+dois=aum

diferença?
minha vida
jaéstu(!)

15 de fevereiro de 2018

HIPE


Como um relógio de cordas
pernas tic tacam mecânicamente
não há um sentido claro em despertar
ouço o sino e vou à caminho
seu corpo é um poço onde devo me jogar

CARNIVAL


abatido
e nada mais
acabou o fogo
as facas desafiadas
já não conseguem mais
furar. furar o quê?
Não há mais trapos
não há mais sangue
não há mais não há
sussurros
antes do espasmo
o espírito alvitado
sente a hora
assustado inquieto
quer voar do corpo
fúria? dardos o cercam
querem o que saceia
Põem as mãos
afundam, fincam,
lambuzam na lama
Sujos vão ao ácido
É só isso?
a essência continua
[submersa]
limbo escuro vazio vazio vazio
o sol vem queimar a carne e fede
Água e oxigênio
Matérias e restos
Madrugada cinza

11 de fevereiro de 2018

SINERGIA

Tu descobriste a liberdade por conta própria agora não adianta adiantar o relógio ou atrasar o passo esticar o barbante ou cortar o laço tens o dom da liberdade Pões as mãos: agigantas essa é a maior realização cantas! enquanto brilhas, cantas pões as mãos sobre as minhas eu canto - nem sabia - todo mal És finda Pantomima

12 de janeiro de 2018

SEMÂNTICA


Veja bem,
recebo uns versos de amor amigo
sem lugar comum: não há amor com dor
apenas uma pequena manifestação.
isso me pôs em estado de anuviação
agora preste atenção: cometer a palavra
é um erro, meu papel é o de segar
o que não há de silêncio -coisa que faço
com as mãos- o que há de estranho?
não há intenção de seduzir
talvez haja o interesse em segredar
(e conduzir) tudo bem!
vejamos o por do sol: eu estou aqui sorrindo
e você está lá
                                    distante
em frente ao espelho
                                  sorrindo
vemos o mesmo sol
tudo é som e sílaba
notas?
A palavra
                         livre sem erudição
toma
                          seu significados
o som é único e bate, zambumba
pegamos o mesmo dicionário
                             e elas todas
e seus significados
estão lá
                               PLENAS
somos um.
(poema dedicado a minha amiga, Sara Reis)

QUÂNTICA
Se eterna não for,
é plena a vida...
veludo em textura
flor de açafrão
sabor de fruta madura
salpicada de vermelho
riso frouxo que invade
algo no fundo do espelho
que agiganta e faz alarde
um espanto
uma chama
um canto
que inflama
efervescência e
tilintar de vidro
quebrado
quintessência no
laivo do olhar
acanhado
Sim, a vida é plena...
e plena se faz
em meus versos
(Magmah)

5 de janeiro de 2018

25 ANOS


Eu que não esperava
Eu que caminhava livre e feroz
No auge de meus impulsos
Se o mal me vinha, mal tratava
E você me veio bem, eu pedi um vinho
E o me deu foi um barquinho feito em papel
Velas ventos ventanias erupções
Nos moveram, empurraram e puxaram
Nossos olhos no corpo da tempestade
O tempo passou e eu estou aqui
Mais acordado que nunca, o corpo
-confesso- remendado, as vezes estirado
Eu que nadei contra a maré
Que sorri enquanto os outros choravam
Que permaneci em pé, remando
Enquanto dormiam, eu que vivi
cada erro tatuado na alma
Posso dizer, Sonia: à dois é muito melhor!
E o segredo que todos queriam saber
O motivo de eu ser tão diferente,
A brasa que move meus braços
As ondas que carregam meus pés
É que enquanto todos estão off
Eu estou IN
SÔNIA
Clayton Pires
Meus amigos me inspiraram. Jaime Braga é um artista que faz belíssimos quadros com arte sobreposta, ele criou uma ideia chamada arte na garagem e é a forma como ele trabalha, quando bate a ideia, ele levanta pega suas ferramentas e parte criar. Ele adora ser visitado e que pessoas boas apreciem seus trabalhos. ARTE E AMOR é o que move o mundo. Gratidão!

28 de dezembro de 2017

Simultâneo


Na janela a minha frente
há um monumento
em crescente
um belo monumento
um estrondoso monumento!
As vezes sinto medo
dos olhos que comparam
o grandioso espetáculo das aves
em todo fim de tarde
a um singelo fechar de olhos.
Nos quadros da sala
uma linha e a vida
que puxa e bate a porta
em compasso uma bússola
do tempo que pondera
as escolhas da gente
acerca dos sonhos e os tombos
do anoitecer
sentimento é pedra,
ciclos e repetições de cores
e a comparação da dor.
Neste momento,
o mundo é a coisa
mais insignificante
entre estes escombros
e filmes riscando o passado
nas paredes de um quarto frio
para o poeta
história é esconjuro
nos ouvidos, sinais
tentando abrir olhos,
afastando e silênciando
os sons das coisas.
nesta noite faço versos de luz
que me questionam
enquanto vejo no espelho
os planos de uma meretriz
servida em pedaços ao diabo.
(8/4/11)

Antequera

Não há guerra entre nós


Falamos sobre o mercado
trabalhamos em diversos lugares
com a mesma garra e objetivo
cada um no seu, muitas vezes
sem achar um motivo para estar
naqueles ares - mas isso não vem
ao caso- tivemos paixões escondidas

poucas vezes saíamos, preferimos um livro
viver um filme ou até restaurar um móvel antigo
para inventar aos curiosos que foi trago de moscow
(tudo questão de interesse, para confundir-outros
olhos-encontrar benesses nos firmamentos do dia)

coisa que quase nunca vem ao caso.
eu que já meti os pés pelas mãos
tantas vezes,
hoje teno vivido, aceito convites
em cima da hora
dormir no sofá, chegar de madrugada
acordar cedinho
nem dormir

são contos que faço
para apenas aparecer no seu dia
repartilhar vibrações do dia-a-dia
te contar das coisas que quase nunca
vem ao caso

Você!
com seus conceitos de yin-yang
me dê um beijo,
apenas um beijo e serei -Outro
Homem
te conhecer foi um acidente eu que andava distraído colecionando pedras na beira de um rio e que besteira eu que achava bonito bater pedras lava-las, dar brilho por ao sol secar até então não percebia no reflexo das águas refletia a mim o céu, as nuvens e os círculos que faz a água ao se movimentar o mundo todo é um propósito primeiro eu vi você teu olhar me provocou ruídos agora sinto no meu peito tremeliques, comichões, enfim algo ecoa literalmente te conhecer foi um acidente me fez entender as runas e que intuitivamente havia uma imagem de infância castelo a construir um lar essa imagem sempre se repetia o desejo de beirar o rio o ato de escolher pedras lavar, secar seu olhar me causa ecos agora meu coração vibra todos os dias se põe numa bandeja aventureiro e esperançoso, na ânsia do seu sorriso sentindo a dizer seu seu seu teus olhos sobre a água foi um acidente perfeit

Ecos e luzes

Enquanto chamas
Aquele sem nome que clama devastado e insano
Aquele que prepara a cama
de forma desmedida e ama
faz malabares morro acima
Enquanto chamas
queima lençóis, toras e taras
cinzas às claras
tudo exposto, tudo brasa
Que se vê e não toca
Inflamas

No seu tempo


Primeiro, o rito
levantar cedo, antecipando
o primeiro raio de sol
coar o café, ligar o rádio de pilha na Am
se informando notícias habituais
Minha lembrança é você sorrindo
Vó! havia um quê de hora de aproveito
em cada suspiro no seu olhar
a bolsinha de moedas no sutiã
os chinelos vermelhos, os grampos
a saudade das panelas de ferro
do fogão a lenha
a coragem de enfrentar a chuva
coisas do seu tempo
sobre precisar existir
dos seus ensinamentos
antes do verbo, o gesto.
tudo foi muito rápido
você não quis se despedir,
das coisas mais valiosas
eu aprendi a me proteger
antes de dormir
Abençoe, Vó!

AFORTUNADO


de tão cheio de si,
o amor inventa aventuras
cola figurinhas na geladeira
para lembrar o seu amor
faz lembrança, dá o que não tem
o amor quer ser aceito e é aceito
o amor compra balança
conhece frutas pelo cheiro
compra propriedades e agora
tudo ele quer, ele pode.
o amor se envaidece, faz estrelinha
acorda cedinho prepara o café
planta bananeira e de repente
acorda decidido
ouve o apito do trem, ele quer o trem
o trem passa, o amor se perde
cansado de si o amor desbanca,
agora ele quer sombra e água fresca
um violão e um bandolim
tudo por capricho e destreza
o amor almeja
mas não quer tocar.
(Clayton Pires)

3 minutos mais curto
o amor cruza a soleira do peito
levanta um pensamento leve
tira o silencio do sapato
recosta o burburinho dos pés
no calor da tarde
vai me roubando aos poucos
do catálogo do dia
deixo parte da vida
ao lado da manta de lã
perto de nossos nomes
na primeira hora da manhã
os galos num acorde só
e as ruas em sentido único
(coloca o chão entre nós)
Vania Lopez
enquanto punha a louça
seca no armário
tive uma ideia genial
olha quanto tempo perdido:
disputar, ter ansiedade
por a paz em risco
pela boa reputação
ter, vencer, produzir, realizar
defender, capacitar
criar confusão se for preciso
ser bem visto e benquisto
acabei chegando a conclusão
o segredo é macerar o verbo
exprimir o máximo que der
e deixar no tempo
até chegar no que é básico
eu sou o que ninguém faz por mim
e nisso somos iguais: acordar
comer se cuidar tomar banho
se cuidar comer dormir
o essencial está no cotidiano
sem o verbo
meu currículo?
mudando

Ao que rege

Agir é uma tarefa automática, se acorda: abre os olhos. Reagir pede um pouco de esforço. Bora lá

Pra sempre


todos nós já passamos por relacionamentos mornos, de ficar na dúvida do bem-me-quer-mal-me-quer. Agora você me aparece louca, enfia essas mãos quentes na ferida. Me viola. Arde. Me consome.Me afasta. Me disputa. Eu te quero!

TANGENTE


EU SOU BRANCO
É isso. Eu quis ser negro
ter uma voz de negro
de favelado
mesmo que assim fosse
minha pele é branca.
não quero chegar nos confins
que nem tudo é assim
que cada caso é diferente
eu já quis ser viado
com todas as letras
sentir na pele o que é
ser lésbica sapatão gordo gay
e dói falar assim
todas essas palavras soam um palavrão
Eu sou branco
o mais que consigo disfarçar
é um casaco em frente ao espelho
minha pele frágil marca tatua
a pico de sol
toda discriminação

A PROPÓSITO


Não é mais sobre rima
argh! coisa chata
é sobre compromisso
é sobre a destreza de um cirurgião
que não sabe amolar a navalha
mas desenha o corpo humano
com a paciência de um monge
posso ir mais longe
falar sobre o mecânico
que não faz ferramentas
mas destrincha problemas
com a mesma sina de um físico
ou até quem nasceu pedreiro
e viveu, como manda o figurino
sem saber ler uma palavra
mas capaz de levantar um edifício
tudo é questão de necessidade
todo mundo aqui tem um "Q I"
para mim é questão de unir:
ninguém aqui é INTOCÁVEL!
não escrevo por ofício,
a palavra me basta.
Escrevo porque é preciso.
Clayton Pires
'eu sou poeta, eu sou?
qualquer resposta verdadeira
e poderei amá-lo.' Adélia Prado

19 de novembro de 2017

Máscara
hora do show e todos estão afoitos para mostrar suas habilidades, seus diferenciais e eu?
Eu vim da lama e tenho
Em minha pele ainda manchas
Resquícios de um passado que ouso esconder.
Nos pontos escuros de todos isso é normal
É assim que funciona o mercado:
Pessoas se põem a venda, forçando energias à prova, testando seus limites
Buscando nos mínimos detalhes
Ser entre todos, o mais bem falado.
Pois assim que funciona o poder:
Você é aquilo que os outros veem.
De novo o meu nome na vitrine
Pés descalços, sem nenhum peso nas costas
a única questão que mais apavora
Qual é a sua fama?

Clayton pires
9/11/2017
Escolhas
Ser 
Semente
Somente

tranquila
mente
GULA
é de olhos grandes, o meu amor.
deseja com tanta demência
seu corpo mudo em êxtase,
compra chocolates em barra
aprende técnicas na Suíça
prepara taça em fondue
chega a fazer escultura de você.
põe ao sol louco e puro
o meu amor, com os pés
entre as mãos sonha e só.
teu corpo, espectro divino
não posso lamber.
Clayton Pires 19/11/17

17 de novembro de 2016

Duna

Meteoritos e cristais invisíveis
dançam no espaço
para que possa vê-los
Tomam formas e em instantes
vão do amarelo ao vermelho
e dão lugar ao azul!
Formam-se em hologramas
e vão parar em sua estante
(Só pra te surpreender)
O que pequeno era antes
no agora se tornou gigante.

(Clayton Pires e Douglas Prado)

16 de janeiro de 2016

BUSSOLA

De onde vem os versos?
dos fatos, cortados, nos pulsos
o verbo: vogar.

das tantas idas e voltas
momentos [dispersos]
e os gestos, do sons e os ditos
populares

Os ritos, os discos, pergaminhos
e riscos ( mantras em estado de efusão)
No batuque, o ritmo, no coração.

Do tempo, a carga, um objetivo contínuo
Amar-te como a mim mesmo.

11 de novembro de 2015

Resiliência


Ver o mundo como uma paisagem em relevo
Ouvir ruídos ventania na janela
Apenas observar o verbo em silêncio
Pois o dedo em riste arrisca afrontar o universo
E ateia, inconseqüente, cometas velozes no espaço
Que se chocam sempre em terreno frágil.
Ver a vida como uma paisagem e relevar
Cada folha deixada para trás,
Pois tudo que destrói se renova e apaga
o que não resiste na memória.
Dar prioridade ao ser humano, atento aos seus meios, cada passo e fins
Buscando respeitar o tempo de cada um.
Aproveitar toda matéria que lhe cabe mãos.
Somar todo terreno que a vista alcança
Tendo a certeza da distância que a lança aponta num coração em perigo.
Valorizar o que é ingênuo e tranquilo
O que não teme nem assume
O que sente fome e transforma em oportunidade o que é perdido.
O que se ajoelha para agradecer o momento em oração.

Clayton Pires

7 de março de 2014

Fonte

que desejo
a vida que reluz
nos olhos teus: ouro

Renasce então
o desejo
infanto

protejo

18 de fevereiro de 2014

Emaranhado


Entre o sonho

deixo pôr
{Hora 
a estampa}
à navalha 

E estanco
Em tempo:

desfaleço
engodo 
enlaço

No tempo
morre
o invisível

A falta, 
o espaço.

17/02/2014

14 de janeiro de 2014

Por fim me distraio

Foi só para lembrar das vezes que nos alertamos, daquelas coisas que falamos sobre isto ou aquilo, que o mundo é perigoso e como sempre brigávamos quando eu te achava inocente das coisas. Há tanto tempo vejo que também sofro do mesmo erro; Acho que contigo aprendi a ver o mundo de uma forma mais leve, e o mundo mais leve é feito de pessoas como você. Já nem sei mais o que lhe dizer, foram tanto tempo dizendo tantas coisas, tantos vôos perdidos, tantas histórias mal contadas.

Ainda hoje tenho aquele relicário que você me deu. Acho que parei no tempo e prefiro estar assim. Pensar em você é meu ponto de conforto.

O mundo é um teatro.

Quando me exponho nas ruas, passo em frente das lojas e vejo aquele vestido azul que você adora, esqueço das coisas, passam carros e me vêem estático e de súbito percebo dono da loja que também sorri.

Um estado de memórias mortas talvez.

Me pergunto onde foi que nos perdemos, ou por que foi que nos encontramos?

O amor verdadeiro, não é pra sempre?

Seus olhos um dia me filtraram, perfuraram meu peito como uma flecha.
Já se passaram tanto tempo e tantas coisas pelas nossas mãos, eu já nem sei se em ti passou algum pensamento sobre mim.

 Eu preciso confessar, não consigo te esquecer.
A dor de não te ter comigo é algo como uma cicatriz que se tento arrancar sangra, mas se acalento, faz arrepios. Eu finjo não sentir.

Foi por você que arranquei minhas armaduras e só a você que amei e só a você me desfiz.
A mim você foi a melhor coisa que aconteceu.

 ó! por quê estou falando tanto de você? um dia pensei diferente.
Devo estar num estado de redenção.

 Te lembra da música?
Seu olhar deixou vácuo no meu peito.

13 de janeiro de 2014

Às traças



Primeiramente me desculpe
Meu bem, se eu já me esqueci
Como se faz um poema
Como já diz o dilema
Em roda de samba
Quem perde a lenha
Que invente a letra
E desça o morro pra cantar
Com os bambas:
Por hora me desculpe meu amor
É que por enquanto no copo
De gole em gole me esqueço
Do encanto, de seus risos
E seus cantos e meus tropeços
Não me canso:
Sou atentado na rima e no avanço
Já estou contente e em meu passo
Sinto mais leve em seus passos
e me enlouqueço no ônibus que passa.
 Meu bem, me perdoe
se por último nos dissemos
de acertos e perdas
Se eu já nem lembro
De quando começamos

Se eu só sei do agora
e por enquanto
Que de súbito me lembrei
De você e no entanto
Me entrego a mais uma taça

E agora, como vou embora
se nem aomenos te escrever
uma carta ilusória?

1 de janeiro de 2014

Concepção


Digo coisas óbvias
como fosse um Deus,
como se achasse que tudo que eu digo
tem algum valor.
Mas eu sei que não tem valor algum,
como sei que marcas também não seriam marcas se não houvesse
numa estação de radio um locutor
repetindo várias vezes um nome
ou colocando para tocar sempre a mesma música do mesmo músico
talentoso
e de alto QI
para todos ouvirem
e colocar seu nome em risco:

-Jogo meus 23 anos de radialismo no lixo
se isso aqui não se tornar um sucesso.

Ele também era Deus.
O outro também será Deus.
Deus foi meu pai quando me criou.

Mas o que importa na vida é a continuidade.
Morrem todos os dias sonhos.
morrem junto dos homens.
Mãos dadas, malas, maletas e o passado.
Morreu junto com a esposa que cuidava de casa
a mulher que cuidava do marido.

São novos os tempos: Hoje é tempo de Glória.
Conquistamos a independência.
Conquistamos tudo: Um país sem preconceitos
um país sem passado
Um país sem porteira
Um país sem caixão
Sem eira nem beira.

Passaram se 500 anos
e muita história se contou
Para um povo sem sonhos
um mundo de carroças.

Para Homens espertos uma fronteira
e a oportunidade:
Safa-se quem ouve
e manda quem pode.

E eu rimo.
Ontem mesmo que já ia me esquecendo
dei de cara com o muro
e sai atordoado
Pensando no passado
achando que sabia do futuro.

Concepção


Digo coisas óbvias
como fosse um Deus,
como se achasse que tudo que eu digo
tem algum valor.
Mas eu sei que não tem valor algum,
como sei que marcas também não seriam marcas se não houvesse
numa estação de radio um locutor
repetindo várias vezes um nome
ou colocando para tocar sempre a mesma música do mesmo músico
talentoso
e de alto QI
para todos ouvirem
e colocar seu nome em risco:

-Jogo meus 23 anos de radialismo no lixo
se isso aqui não se tornar um sucesso.

Ele também era Deus.
O outro também será Deus.
Deus foi meu pai quando me criou.

Mas o que importa na vida é a continuidade.
Morrem todos os dias sonhos.
morrem junto dos homens.
Mãos dadas, malas, maletas e o passado.
Morreu junto com a esposa que cuidava de casa
a mulher que cuidava do marido.

São novos os tempos: Hoje é tempo de Glória.
Conquistamos a independência.
Conquistamos tudo: Um país sem preconceitos
um país sem passado
Um país sem porteira
Um país sem caixão
Sem eira nem beira.

Passaram se 500 anos
e muita história se contou
Para um povo sem sonhos
um mundo de carroças.

Para Homens espertos uma fronteira
e a oportunidade:
Safa-se quem ouve
e manda quem pode.

E eu rimo.
Ontem mesmo que já ia me esquecendo
dei de cara com o muro
e sai atordoado
Pensando no passado
achando que sabia do futuro.