18 de agosto de 2010

Eu queria ser bom de prosa

Cara bom de prosa não mente. Eu tenho um amigo bom de Prosa. Ele só se dá bem. Vive a vida. Sim, ele é ‘O cara’. Me conta cada história engraçada. Fora saber quantas menininhas ele pegou por aí. Cara bom de prosa não diz que está apaixonado. Diz estar curtindo, e curte, e curte, e curte...enfim, ele é o cara. Só não sei como ser ele. Cara bom de prosa tem emprego bom. Pode ser vendedor de loja, pode trabalhar na TV, pode ser político, pode ser tudo! Só sei que ele sempre se dá bem.

Como sexta-feira passada. Foi pra balada, encheu a cara, pegou uma estrela, e dormiu pelado debaixo da Lua. Depois foi trabalhar no sábado com a cara amassada e uma ‘puta ressaca do cacete’. Mas tava feliz, todo arranhado, com roupa suja – dormi abraçado com um anjo no meio do mato, acredita?- Claro que acredito. Se não acreditasse, o que imaginaria? Que ele apanhou?Bem até pode ser. Mas ele não. ele é ‘O cara’. Sabe bem fugir duma briga. Aliás, ele é bom de briga. Me disse outro dia que bateu em três machões de uma vez só.

Ser bom de prosa é tudo. Sabe bem da vida dos outros. Conhece de tudo. Sabe o que é bom e o que é ruim. O engraçado é que ninguém é como ele. Sabe quando as coisas vão dar certo ou não. Sabe falar de astronomia, de mulher, de carro, de dinheiro, de viagem, de novela. Eu queria ser ‘O cara’. Mas sou poeta, não sei de nada. E a menina dos meus olhos não vê futuro em mim.

Clayton Pires