Tardio
faço de nossos laços sangue e escárnio,
e em minhas mãos imagens se destroem
seus olhares e seus risos – meu palácio –
que agora se esconde
entre muralhas
nuvens de fumaça
árvores e um Alerquim
já não são mais sonhos nem memória
nem fagulha nem cisco nem graça
pois da paixão arte de anjos e magos
o fracasso é um espelho entre caminhos
de areia movediça e lagos submissos
à estranheza de encontrar-se em pó.
sei da sensação de estar perdido
e de amá-la a ponto de no parque
um balanço azul no céu tornar-se tudo
enquanto nada aqui é sentido como risco,
não é preciso uma explicação maior
que o delírio de vê-la distante e fria
e me encontrar em desespero
ao ver o sol se pondo em minha carne
nesta ilha em que desfaleço desejos
em precipícios.
Clayton Pires