13 de maio de 2010

Relatos da paixão

Amantes estranhos,
caem silenciosamente
em nossas mãos.

Bombas estranhas!
...eu que não sei nada
e química

qual o ponto certo?
que será que mais precisa?
- Talvez não precise...

Tarde demais,
Bombas sem relógios
Nunca saberei a medida certa
Nem o momento certo

na próxima vez,
espero que o coração 
estilhaçado,
Não seja meu.




Clayton Pires

Fórmula da juventude

Ame,
Queira com toda a certeza
Do amanhã

Viva,
A cada instante
Como uma criança

Anseie a cada espera
De um beijo roubado

Abrace,
Todas as manhãs
Com um sorriso largo

Ame
Junte a sua alma
Num abraço apertado

Ame
Confie em seus sonhos
E não pense na solidão

Eternize os momentos
do presente

Pois o maior segredo do amor
é aquele que não se guarda sozinho.

Problemas

quando for procurar a solução
para mudar o mundo

abra seus olhos
e enfrente o espelho

este sim é mágico
quando bem usado

apenas observe
e reflita.

Clayton Pires

Pós amor

Ninguém sabe o quanto doeu em mim
As palavras jogadas ao vento
O tanto dito trocado pelo silêncio.

Ninguém sabe o quanto remoeu em mim,
O cheiro grudado em meu corpo
Nas noites mal dormidas sentindo
Sonhado acordado

Ninguém sabe o quanto foi duro
Implorar para a mente esquecer
Mentindo a mim mesmo
Com o coração pedindo a voltar
Sentindo a falta de sua parte

Ninguém sabe o quanto doeu em mim
As lágrimas ácidas que escorriam em minha face
Esperando por uma faísca de aviso
Ou até uma surpresa que me contentasse

Ninguém sabe o quanto doeu em mim
Os sonhos pisoteados
Quebrados, estraçalhados
Junto com o orgulho
E serem jogados de lado.

Ninguém sabe o quanto doeu em mim
Acreditar que fosse certo
Que teria forças para suportar
E ver que sozinho nada poderia mudar

Ninguém sabe quanto medo que tive
De viver o resto da vida sozinho
Sem olhos, sem alma, sem razão
Sem nenhum motivo para me levantar.

Ninguém sabe o quanto doeu em mim
A falta de fôlego, a falta de palavras
A falta de apetite, a falta de saber o que faltava
O que restava do desgosto, da saudade

Ninguém sabe o inverso
De bem pensar em alguém
E o de mesmo sem querer
Só pensar em alguém

Nem eu sei por quanto tempo
Esses fantasmas vão passar
Em meus caminhos

Clayton Pires

De todas as dúvidas

Pode se falar
Do vento
ou tormento
Da mente

do fogo
das marcas
e a chaga
do amor

Pode se dizer
do tempo
presente
propício
passado
ou futuro

Do universo
seus segredos
inversos
ilusões
e sonhos

Das desgraças
que cabem
aos olhos
e na garganta
entalam

das verdades
que rasgam os dentes
e saem da alma

Do poeta
os sentimentos
desvairados
atemporais

mancham
os espelhos
que tocam as folhas


Clayton Pires

Aviso:

Se for sair
Não entre

Pois será difícil
te tirar de mim.

Clayton Pires

Difícil não falar de amor

Sei que o que escrevo
Não é invento
E é tão usado e trivial
Sentimento

Mas é tão bom e puro
Que mesmo ao relento
Me lembro, e o sinto

O coração corre com o tempo
Dias e noites marcam a alma
De quem o vive

Difícil não falar do tão grande
E incompreensível universo

Que há nos olhos de cada ser
Como uma esfera enigmática

O amor vive entre os homens
E longe da perfeição foi feito

Como um pingo de chuva dos deuses


Clayton Pires

Reinício

Folhas velhas jogadas no chão
e a lua míngua lá no céu: é outono!

O menino sentado na ponte
vê no rio, redemoinhos.

Barquinho de papel
Segue seu caminho.

Clayton Pires

Desimportâncias

Tantas coisas passaram despercebidas
E foram levadas em silêncio,
Espalhadas pelos cantos do mundo.

Quantas vezes devia
Ter deixado o medo de lado

Ter armado um barraco
Na frente da casa de Anna Bela,
Ter passado noites aterrorizantes
Dias em desespero, eu devia.

E das teias grudadas na estante de livros
Devia ter escutado os versos
Do que sentir as lembranças
Desfalecidas, inertes, desprovidas

Devia ter escutado mais o meu coração
Que agora vive :

- calado, cansado, petrificado...

Devia ter andado pelas linhas tortas
Errado, me machucado
Ter pintado cores invisíveis
Conhecido o espetáculo imprévisto

Devia ter mergulhado nos instantes
E não ter deixado tempo respirar a saudade

Devia ter acordado mais cedo,
Pois sei que agora, é tarde demais

Sei que devia ter me levado
Para algum horizonte
Em algum braço, ou
Lago

E ter me afastado
Do tédio
Que hoje vive
Acorrentado
Em meus pés

Eu sei, eu devia ter me importado.

Clayton Pires

Entro na dança

Seus olhos
espiam
os medos

Seu coração
Em segredo
Bate em meus ouvidos

Nossos corpos
Se fundem Sem pensar

Confusos sentimentos
certeiros

Seguem passos
Em sintonia

De longe
Enxergam melhor
O desejo

Perto, é quando estão
E querem dançar

Nossas mãos
Coladas
Esquecem de estar
Sozinhas

Amo dançar
A nossa música

Clayton Pires

Bagagem

Não corro atrás de sonhos

Levo no bolso
Um lembrete
Que compromete
À eternidade

Clayton Pires

Agulhas do tempo

As ovelhas nasciam
No inverno,
E vovô as manejava
Até o verão

Tirava
Leite
Couro


Garantia o café da manhã

As agulhas de tricô
Não paravam nos dedos da vovó

Contrapontos e pontos...

Seguiam linhas sincronizadas
Com o balanço da cadeira

A vovó,
Tecia o agasalho
Do menino

Que nem sabia
De seu destino

Clayton Pires

Onde moro?

Moro na rua
na lua
nas esquinas
nos abraços
nos beijos
nos afagos

Entre
(as horas)
tuas

Moro onde
tu quiseres
Pois sempre
te seguirei
em meus olhos

Clayton Pires

Aquoso

No lago,
Os peixes nadam juntos;
Refletem seus espelhos na luz.

As árvores,
Ainda estão arranhadas
Cansadas e perdidas
No meio da mata.

Na madrugada,
Ecoam vozes
E gargalhadas
De jovens apaixonados.

O cheiro do seu abraço,
Ainda vem me visitar
Na praça onde seus olhos
Me fizeram morada.

Levo no bolso o presente
Que me deu:

Pingente de cristal.

Clayton Pires

Caleidoscópio

Se pulsa em mim
Dissolvo em sintonia
Porque é doce,
e gosto
e vicio.

E vejo
Quando reflete luz
Sobre suas pétalas frágeis.

Protejo,
Porque é encanto
Calor
Em ventania,
é vida.

Quando sem pensar
Bate seu sensível olhar,
Mesmo sem razão
Agindo com simplicidade

Sabes a minha reação.

És dona do tempo,
Anjo,
Sina
de
Sussurros.

Em cumplicidade nas guerras

És pena,
Leveza
No universo.

És tudo
Eu,
Caleidoscópio.

Reflito suas cores
Multiformes
Que brilham
em meu paraíso.

Clayton pires

sobre a vida

As linhas dissolviam
cores,
Na vitrine
Dos olhos.

As vezes faltava papel,
E a memória
As escondia
Nos sorrisos.

O tempo marcava
As Lembranças
Sobrecarregadas.

De Saudades
E
Esperança.

Clayton Pires

Metrópole

As torres revoltadas
Refletiam as árvores
Falhas, na estrada.

Cabos de aço
Grudunhavam as pontes
Que passávamos.

Enquanto o céu
Em furia,
Preparava chuva
De gafanhotos.

Era tarde,
Nos esforçavamos
Para chegar em casa
A tempo.


Clayton Pires

Segredos

Eu tento te contar, Maria
Tenho medo dos olhos
Das horas, dos sinaleiros.

Tenho medo, Maria
As máscaras
Nas vitrines e nas praças,
São falsas e falam.

Eu tenho medo, Maria
Dessa mania
De amar intensamente
E cuidar sem esperar
As palavras, que mentem.

Eu tento te contar maria,
Dos meus segredos
Mas meus pulmões
Vivem encharcados
Pesados, Tremendo
Sangrando
E engolindo sonhos.

Eu tenho medo, maria.

Clayton Pires