13 de maio de 2010

Desimportâncias

Tantas coisas passaram despercebidas
E foram levadas em silêncio,
Espalhadas pelos cantos do mundo.

Quantas vezes devia
Ter deixado o medo de lado

Ter armado um barraco
Na frente da casa de Anna Bela,
Ter passado noites aterrorizantes
Dias em desespero, eu devia.

E das teias grudadas na estante de livros
Devia ter escutado os versos
Do que sentir as lembranças
Desfalecidas, inertes, desprovidas

Devia ter escutado mais o meu coração
Que agora vive :

- calado, cansado, petrificado...

Devia ter andado pelas linhas tortas
Errado, me machucado
Ter pintado cores invisíveis
Conhecido o espetáculo imprévisto

Devia ter mergulhado nos instantes
E não ter deixado tempo respirar a saudade

Devia ter acordado mais cedo,
Pois sei que agora, é tarde demais

Sei que devia ter me levado
Para algum horizonte
Em algum braço, ou
Lago

E ter me afastado
Do tédio
Que hoje vive
Acorrentado
Em meus pés

Eu sei, eu devia ter me importado.

Clayton Pires

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