15 de fevereiro de 2018

HIPE


Como um relógio de cordas
pernas tic tacam mecânicamente
não há um sentido claro em despertar
ouço o sino e vou à caminho
seu corpo é um poço onde devo me jogar

CARNIVAL


abatido
e nada mais
acabou o fogo
as facas desafiadas
já não conseguem mais
furar. furar o quê?
Não há mais trapos
não há mais sangue
não há mais não há
sussurros
antes do espasmo
o espírito alvitado
sente a hora
assustado inquieto
quer voar do corpo
fúria? dardos o cercam
querem o que saceia
Põem as mãos
afundam, fincam,
lambuzam na lama
Sujos vão ao ácido
É só isso?
a essência continua
[submersa]
limbo escuro vazio vazio vazio
o sol vem queimar a carne e fede
Água e oxigênio
Matérias e restos
Madrugada cinza