12 de junho de 2010

O relógio

Trabalha
Preso às voltas
rotineiras.

ilusão

O copo
Transbordando sangue
Ainda está na mesa
Para saciar-te
De minha morte.

Confesso

Já vivi dos sonhos
As mais doces nuvens
Já senti os mais febris
Desamores
e acabei no maior pecado
Que já cometi

fugi de mim
Quando menos podia
Hoje sinto falta
De estar comigo.


Clayton Pires

Procura-se uma mulher

Não me importa a cor dos olhos
Nem a aquarela que reflete ao por do sol.

Basta que dentro deles haja claridade
Para apagar as sombras de minha face.

Não me importam as brigas e desentendimentos
Me importam as palavras brincando no escorregador do tempo.

Não me vale a graça nem o ouro guardado
Muitos menos as coisas do passado.

Não to nem aí para o corpo e a pele
Que apodrecem e não mudam nenhum sentimento.

Basta que se entregue por inteira
Livre solta e quente

Que absorva minha alma
E no fim de tudo me entenda.

Não quero a intensidade
Mas que tenha disposição

De lapidar a pedra bruta
Que habita em nós.

Clayton F. Pires e Jair Fraga V. Neto

Mudança

Fui jogando trapos
no muro
e numa profusão
de tecidos
Perdi meus sentidos
e esqueci como me esquivo
dos socos do mundo.

E as palavras
se secaram na garganta
emudeceram o que era antigo
e despercebido
tomei o aviso na cara:

Tua teoria de destino
nunca foi nem será concreta
nossos sentidos e dúvidas
são inconstantes

E as escolhas,
mesmo que não se prezem
são utópicas e sem volta.

Não há fórmula com segunda solução
é como a poeira em cima
Da nossa caixa de lembranças
Não volta, não se move.

Quem sabe um dia
Nesse fim que jamais se acaba
A espera do reinício
(onde não me encontro)
Algo Faça o relógio girar
Sem que seus ponteiros
Signifiquem marcas.


Clayton Pires

mulher dos sonhos

Carregastes em seu peito
ternura, aconchego e compreensão
Junto com um universo de sonhos e desejos
Poesia e mistérios.

Em seus olhos luz e encanto
e delicadeza para cuidar de meu mundo.

E doces palavras que me calem
Brincando de cantar em timbre maior
Me fazendo menino, com seu toque envolvente.

Sua face angelical,
Quando abre um sorriso mágico, luz da noite
Guarda na lembrança do poeta a beleza da lua

E me deixa louco de vontade
De quebrar todos os espelhos do mundo
Para que possa eternamente
Refletir a sua beleza
Em meus olhos.


Clayton

Qualidades

Olhar sereno
Sorriso flertante
Um abraço quente
Beijo sufocante.

Nas horas frias
Balanço ensaiado
desejos carnais
acendem.

Clayton Pires

não sou poeta

Sou apenas
um andarilho lunático
que vive com o coração
descompassado
perdido entre as voltas
da roda gigante da vida.

Claro que não sou poeta
não sei cantarolar
em língua de anjos
nem ao menos sei
a poção mágica que dizem
ser amor.

Simplesmente nasci
do lado da luz,
com olhar de anjo
como toda criança
recém nascida,
ânsiada para conhecer o mundo.

Não posso dizer
que sou poeta
das flores, do belo
do céu, do paraíso.

Pois não toquei
as flores eternas
Nem consegui sentar
ao lado da lua.

Quem sabe seja assim,
viver no vale das sombras
falando da saudade
com uma imensa vontade
de encontrar a luz
e viver eternamente.

Mas poeta não sou,
só sei do buraco negro
que me reparte
fazendo ser incompleto
Descontente de viver
Sozinho.

Tentando me encher
Do ar vazio do mundo,
Sou apenas um mero ser
Cheio de dúvidas
Tentando entender
O nada.

Clayton pires

Não há poesia em mim

Não há poesia em mim
E nem neste andarilho lunático
Que se perdeu entre as tantas
Das incontáveis voltas que a vida dá.

Claro que não sou poeta
Não sei cantarolar a língua de anjos.
Nem preparar a poção mágica
Das coisas que falam de amor.

Simplesmente nasci assim
Birrento e com olhar de anjo
Cegado por luz de holofote
Ansiado por saber de um mundo novo

Mas isso não causou poesia em mim
Pois jamais toquei as flores eternas
E nem me sentei ao lado da lua
Portanto só me caberia terminar assim.

Vivendo no vale das sombras
Pranteando dolorosas saudades
De reencontrar a luz que um dia eu vi
E assim persistir e viver eternamente.

Porém as lâminas não me fizeram poeta
Os enganos se aprofundando me dilaceraram
Tornando-me vão oco e incompleto
Onde tento preencher as lacunas furtadas de mim.

Sô Creito & Véio China

Tempestade

Chove aqui dentro,
E a correnteza
arrasta as lembranças
que levam os sacos
pesados da alma.

Clayton Pires

poema de partida

É hora de fechar o riso,
Juntar as marcas
e guardá-las nas malas.

Esquecer mágoas,
relevar promessas,
fechar a conta.

Não quero explicação
me dê a culpa
e deixe que eu pague
em silêncio.

Agora, ninguém quer saber
Quem acertou a tacada
ou será enterrado.

Já se foi o tempo
e quiçá a hora exata.

Se meus olhos
já despejaram rios
e isso não é o bastante,
não quero o passado.

O trem passou,
e eu fiquei perdido
no caminho do além,
que eu nem sábia.

Condenado a conviver
pelo resto da vida,
a saudade sem volta
Com o frio da solidão.

Essas malditas horas
que custam a passar
me fazem temer a eternidade.

Em busca de um amor eterno

Subi as montanhas mais altas
e briguei com todos os Deuses
que desconhecia.

Desci ao inferno
e fiz pactos com demônios,
desfiz os planos da morte.

Em busca de um amor eterno
vivi no mundo-perdido,
encontrei uma luz
entrei no mundo encantado
sai iludido.

Em busca de um amor eterno
morri em vida, revivi
tentei ressuscitar mortos
mas não consegui.

Em busca de um amor eterno
corri contra o tempo
deixei de viver,
engasguei
com meus próprios sonhos.

Em busca de um amor eterno
Perdi minha infância,
Perdi meu sono
e a esperança.

Em busca de um amor eterno
machuquei meu coração,
engoli sapos que soluçavam
a idade.

Em busca de um amor eterno
desmenti crenças
perdi sentidos
e fiz companhia com o desabrigo.

Em busca de um amor eterno
Juntei cacos de lembranças,
Me fiz espelho e refleti as sombras.

Clayton Pires

Distante

Sento no balanço
Para esperar
A lua
clarear a noite.

As oportunidades
passam nas estrelas
Eu, fico lendo.

Conhecendo novos horizontes
Construindo sonhos.

Clayton Pires

Amor verdadeiro

Eu ainda espero o meu verdadeiro amor, como um pai que espera o nascimento de seu filho.
Não sabendo a cor, nem cabelo, muito menos sua face. Só imagino quantas horas irei passar vidrado naquele olhar, Contando todos os meus segredos em silêncio, sentindo o arrepio em minha pele, por ter encontrado o que tanto procurei nesse mundo perdido.

Acredito que desse dia em diante não precisarei contar as horas, nem marcar os dias. Esperar pelo sempre e nem escrever mais sobre o que nunca senti. Viverei a cada segundo sorrindo, Conhecendo os mistérios mais profundos dos sentimentos antes-vazios que corroíam o lado direito de meu peito.

Não lembrarei mais das horas tristes em que senti falta de paz de espírito quando a saudade amarga esmurrou meu peito. E nem mais pensarei em minhas paixões perdidas que queimaram como fogo, e logo se tornaram cinzas por um motivo que nunca irei saber.

Meu grande amor me ensinará a ver constelações e me levará para sentir as flores do campo
E passará horas me mostrando o quanto é bom ter uma companhia. o verdadeiro amor será pleno e forte. E junto comigo sonhará com coisas impossíveis, Para provar que neste mundo não estou sozinho.

E nas noites, antes de dormir terei a minha paz no travesseiro por sentir a ternura de um amor incondicional.


Clayton Pires