27 de março de 2011

Chavão



Um anjo, eu quero! Um anjo!
Não me venha falar desta imagem –
O sobre algum conhecimento literário,
Da gramática ou das palavras simples, mal escolhidas:
Eu quero um anjo sem sexo! – precisa ter nexo
 Todo o verbo que a gente dita ou pede ou faz?
É simples a mensagem da vida – a poesia!
 – E toda a graça que há no fim.
Somos presos a essa melancolia adjetivada
A essas dúvidas e sentimentos momentâneos
Ao filme real que passa em nossos olhos – lembranças!
Ou silêncio – sendo uma  doce bala,
Ou uma arma – Estando feliz
 E sem nada que pese a consciência
 Ou preocupado, querendo fugir da carga  –  O trem!
Posso até falar: Dos homens de coragem que dizem
atrás das paredes – Ele é louco – Está doente – Um desligado!

Eu só quero um anjo!
– Pode ser fantasia ou até convicção
 (O real é o que há de palpável aos olhos)
Eu insisto! Um anjo! – e todas as repetições
E todos os lugares comuns que prezem em folhas
(que digam paixão ou inquietação ou fome)
Que me apareça do nada – como uma luz! Que se apaga.
Um anjo! Não me ouve? Um anjo!
Que simplesmente dê um caminho
– Me tire essa doença–
Essa alusão de que o mundo é um vácuo
Onde o nada impera.
Um anjo! Que pise de forma errada.
Que me cegue, para desejar o caminho contrário.
Que me mostre – realmente – que aparência não diz nada.
Que seja tão escroto quanto esse texto sem assunto
 E forma pré-projetada.

 Clayton Pires