1 de janeiro de 2014

Concepção


Digo coisas óbvias
como fosse um Deus,
como se achasse que tudo que eu digo
tem algum valor.
Mas eu sei que não tem valor algum,
como sei que marcas também não seriam marcas se não houvesse
numa estação de radio um locutor
repetindo várias vezes um nome
ou colocando para tocar sempre a mesma música do mesmo músico
talentoso
e de alto QI
para todos ouvirem
e colocar seu nome em risco:

-Jogo meus 23 anos de radialismo no lixo
se isso aqui não se tornar um sucesso.

Ele também era Deus.
O outro também será Deus.
Deus foi meu pai quando me criou.

Mas o que importa na vida é a continuidade.
Morrem todos os dias sonhos.
morrem junto dos homens.
Mãos dadas, malas, maletas e o passado.
Morreu junto com a esposa que cuidava de casa
a mulher que cuidava do marido.

São novos os tempos: Hoje é tempo de Glória.
Conquistamos a independência.
Conquistamos tudo: Um país sem preconceitos
um país sem passado
Um país sem porteira
Um país sem caixão
Sem eira nem beira.

Passaram se 500 anos
e muita história se contou
Para um povo sem sonhos
um mundo de carroças.

Para Homens espertos uma fronteira
e a oportunidade:
Safa-se quem ouve
e manda quem pode.

E eu rimo.
Ontem mesmo que já ia me esquecendo
dei de cara com o muro
e sai atordoado
Pensando no passado
achando que sabia do futuro.

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