5 de setembro de 2010

Porque?

Hoje foi o dia. Como toda a  eternidade que vivo. não sei porque, mas meus olhos costumam guardar tudo. Nunca fui bom de matemática. Nem bom pra falar. Tudo que sei é que sinto, e não sei porque. Sempre quis viver a realidade, e enfrentar meus medos, e ajudar a quem está a minha volta. e me pergunto: Porque? 
A gente vive essa vida sem sentido, sem começos certos, sem fins explicáveis, e as coisas tão voláteis, vão e voltam, vão e voltam. E eu não sei expressar meus sentimentos. Não sei agir, não sei falar o que queria, dar forma que queria. Tudo se vai ao contrário do que penso. O amor me encontrou. O amor me queria. ele disse: se entregue, e estaremos seguros. Pegue em minhas mãos, e vamos marcar o mundo. Marquei as horas em que estive perdido nos panos de minha cama. Lutando com lembranças ordinárias. Com palavras malditas. Tudo culpa minha. Porque se apegar tanto? Porque querer tanto? não sei. Essa intensidade vai acabar me matando.

Vou caminhar de baixo das luzes da cidade. Olhos predadores se interessam com o que tenho. Me admiram, me cumprimentam, me chamam. E eu não sei porque. Meus olhos me dizem que tudo é falso. Cargas e mais cargas de adrenalina correm em minhas veias. É só isso que sinto. O coração palpitando, a insegurança de estar sujeito à morte. A frieza com que o ser humano calcula. Tudo me é estranho. Tudo aqui é desconhecido. Não sei qual é o caminho certo à seguir. Eu que nunca tive Pai. Eu que não o quero agora. Eu que sempre fui criança. Eu que sempre tive as respostas. Eu que sempre  e sempre quis ser bom, hoje vejo que não é esse o caminho da vida.

Quero encontrar a forma certa de agir. O sentido da vida. Quero que me mostrem, se realmente existe algum sentido. Quero tanto e não sei o que. Acordar cedo e ir ao trabalho devia ser uma rotina, mas não é. todo dia  é diferente. às vezes acordo com o corpo cansado, sem nenhuma motivação para levantar, e chego atrasado no trabalho. Para olhar a cara dos funcionários porcos que só se importam consigo mesmos, que só querem competir. E os patrões sorridentes, parecem se importar com o meu bem-estar. Será tão verdade que eu sou um bom funcionário? Que mereço tudo que me mostram? E se eu adoecer? Como será que eles irão me tratar? 

A sociedade é e sempre foi assim: Pense primeiro em você, e depois nos outros. Ninguém se importa contigo, por quê tentar entender os outros? Você está sozinho. Porque não se apega em Deus? vá pra igreja! - E de que adianta?- me pergunto. O mundo não vai mudar. Meus olhos não vão mudar. O problema está em mim. - Mas você tem talento! Você tem um dom! - E eu não sei pra que este serve. Não me sinto bem entre o povo. Não quero a atenção da multidão. Não faço nada para que olhem para mim. Qual será a forma certa de viver? Ser um soldadinho de chumbo e seguir a multidão? O que seria o certo?

Eu que queria ser transparente. Eu que queria ser diferente. Eu que que vivo querendo tudo. Eu que vivo me encantando com as palavras, com os olhos, com a boca, me pergunto: Porque insistem tanto em dizer as coisas sem sentir? Porque preferem se afastar de mim? Porque me odeiam sem me conhecer? Porque meu coração sente tanta fome porque sentir? Porque?

E os valores distorcidos. compre carro, compre casa, compre roupa, compre computador, compre, compre, compre...E onde vamos parar? compre a arte, compre a letras...

Outro dia, estava dirigindo meu carro e atropelei uma pomba. Pensei, O que será que aquela pomba estava procurando? Será que tinha alguém a esperando? Será que ela tinha algum propósito na vida? E se tivesse, eu tinha dado um fim sem ela mesmo saber. E os outros pombos que morrem de velhice? o que eles levam? Não sei.

Só que nesse mundo tudo é mentira. Tudo é ilusão. E nada irá mudá-lo. Eu só queria não estar sozinho. Eu só queria saber como agir. Eu só queria não sentir essa agonia e vontade de escrever.