20 de março de 2012
Mono-político
Falar e ver política as vezes me cansa. É mais fácil viver. Dizem que o tempo é dono da razão e qual é a razão tanto esperamos? A de Olhar o passado e dizer: Está certo, está bom, já foi pior em outros tempos. Mas os questionamentos grotescos e infantis que rondam minha cabeça são, já foi pior em qual sentido? O governo está mudando, estão tomando medidas cabíveis para acabar com a fome: Cesta Básica, Bolsa família, Vale Gás, Vale gravata, Vale Combustível, Vale-tudo.
Vale tudo para conseguirmos o que queremos:
A Cidade em tempo de reeleição se transforma num canteiro de projetos e obras.
Os vereadores e governadores e presidentes vão todos para o topo dos out-doors.
Prefiro passar essa palavra para o português, Embrasileirando a minha criatividade, dar um jeitinho de acordar dessa ilusão de minha cabeça que acha que tudo pode mudar e um dia imaginar que esses políticos sairam pelas portas, sairam pelas portas da desgraça e ficaram na memória das pessoas que são eles todos um amontoado de lixo, que não se importam com o ser humano e sim só com o Eco de seus nomes. Não adianta fingir estar de acordo, que está melhor, que vai melhorar. Do jeito que está o sistema Brasileiro, as coisas não vão melhorar nunca. Porque o povo vota e dita: Ah, ele roubou, mas ao menos no tempo dele tinha comida para os meus filhos na escola. Ele é um bom homem. Sim, mas se tocarmos no assunto escola, qual é a escola do estado que é levada a sério nesse Mundo? Qual é o professor que é bem remunerado? E qual é o aluno que está dentro da escola pública vendo toda essa sujeira e tem algum sonho de futuro? Brasil terra de ninguém, terra sem futuro. Não vou nem falar de futebol, esse assunto tão gasto e tão casto.
Para o fundo do baú das coisas não importadas e sem interesse.
Cordialmente, Clayton.
13 de março de 2012
Sobre a liberdade
O que penso: Algumas pessoas falam tanto de tédio, mas esquecem de procurar o que fazer. Algumas pessoas falam tanto da situação de sua cidade, de seu estado, de seu país, mas não fazem nada para mudar. O que me deixa indignado, é aquele atestado que diz os direitos do ser humano, que fala de liberdade, e que quando crescemos, iremos perceber que fomos enganados. O que me deixa revoltado é ver tantas pessoas esquecidades, perdidas em seus escombros, pessoas sem nome, pessoas que foram transformadas em marginais, pelos olhos do Rei, do dono da verdade. As pessoas que esperam um herói, mas só conhecem os Heróis que passam na TV, que resolvem todos os problemas facilmente, sómente maquiando a cara e indo para um palco. Aquelas pessoas acham que o Herói deles nasceu com um dom, que O Divino Senhor os deu a graça. Não se lembram, que para o Herói ser visto, precisa estar entre eles. E que eles poderiam mudar tudo, que eles poderiam também, vestir suas fardas, vestir suas máscaras e sair pra rua: Estampar nos muros a claridade de seus braços, se suas forças, de que na verdade nascemos juntos num universo, e que a única coisa que está estampada em nossa cara é o desejo de união. Não desejo de ter um carro novo, de ter uma casa. Antigamente as casas eram feitas de Sapê. Queria que as pessoas soubessem, que as coisas simples, as coisas mais fundamentais, são as mais sem graças. Por isso, é que elas não percebem a graça das coisas e vivem entediadas com a demora para as coisas mudarem, vivem entendiadas com a falta de problemas de verdade, porque o mundo dá tudo em suas mãos e só precisa que eles sacrifiquem seus espíritos. Não falo de Alma, alma é intocável. É o sopro de Deus, é a diferença de cada um. Falo de liberdade.
Clayton Pires
Clayton Pires
27 de fevereiro de 2012
Uma Réplica de José
Uma réplica de José
José, olhe José:
Não é uma estátua.
José, estás tão longe
E as vistas tão turvas.
Se olhasses mais perto
José, o que vês, não é o mesmo
Ponto de Maria, a dor dela
É indiferente, José.
José, as tuas contas,
Os inventários, José
de tua casa, do sistema
Já conheces o terço.
José, teus planos,
Juntaste os panos,
Tua mulher é forte José!
Teus filhos crescem.
José e a tua labuta
Teu nome, teu trabalho
José, Teus meandros -
És reconhecido, José?
Hoje, tens febre interna.
Mas amanhã terás novas.
José, pensas no exterior:
E teus amigos, José?
No meio da praça pública
Conheceste um mendigo,
Pediu-lhe pão e abrigo
e ofereceu-lhe um sorriso
trocado como gratidão.
José, as aulas começaram,
Carnaval já passou, mas
A banda ainda passa.
É tempo de mudança.
O mapa astrológico diz:
Tudo irá bem José!
José, para tua sorte,
O governo promete.
Leia mais jornal, José
José, estude as oportunidades
José, teu carro novo, batido
O outro, fugiu.
Podias morrer José!
José, o hospital cheio
Os médicos ocupados
O Brasil está doente.
Não te desespere José!
Estás ferido, Mas
não perdeste a guerra
Pensas em teus filhos?
Pensas, ó Deus?
José, espere José,
Ainda não é tempo
Não feche os olhos
José, espere!
A noite acabou.
Clayton Pires
José, olhe José:
Não é uma estátua.
José, estás tão longe
E as vistas tão turvas.
Se olhasses mais perto
José, o que vês, não é o mesmo
Ponto de Maria, a dor dela
É indiferente, José.
José, as tuas contas,
Os inventários, José
de tua casa, do sistema
Já conheces o terço.
José, teus planos,
Juntaste os panos,
Tua mulher é forte José!
Teus filhos crescem.
José e a tua labuta
Teu nome, teu trabalho
José, Teus meandros -
És reconhecido, José?
Hoje, tens febre interna.
Mas amanhã terás novas.
José, pensas no exterior:
E teus amigos, José?
No meio da praça pública
Conheceste um mendigo,
Pediu-lhe pão e abrigo
e ofereceu-lhe um sorriso
trocado como gratidão.
José, as aulas começaram,
Carnaval já passou, mas
A banda ainda passa.
É tempo de mudança.
O mapa astrológico diz:
Tudo irá bem José!
José, para tua sorte,
O governo promete.
Leia mais jornal, José
José, estude as oportunidades
José, teu carro novo, batido
O outro, fugiu.
Podias morrer José!
José, o hospital cheio
Os médicos ocupados
O Brasil está doente.
Não te desespere José!
Estás ferido, Mas
não perdeste a guerra
Pensas em teus filhos?
Pensas, ó Deus?
José, espere José,
Ainda não é tempo
Não feche os olhos
José, espere!
A noite acabou.
Clayton Pires
23 de fevereiro de 2012
Mulheres
Tem gente que acha que mulher precisa ser sensual, que precisa, mesmo de um vestidinho, de um monte de tinta na cara e muitas aulas de dança, de sedução, de máscaras de perfeição, para conseguir se sentir mulhere de verdade, desejada pelo homens, e claro, precisa se sentir independente, do tipo que quer dizer; eu quero é só curtir, porque homem só pensa em sexo, homem é tudo igual. Esperam o homem que as ouça e diga: Calma querida, vem cá, dá um abraço: Comigo é diferente! E as usam como mulheres que elas pensam que tem que ser. Todas perfeitas, certinhas, conhecedoras e conhecidas do mundo. Ah, se elas soubessem do quanto gosto de histórinhas, de faz de contas, de sonhos e daquela idéia de infância de quem tem medo dos muros e murros do mundo. Se elas soubessem a diferença que faz um olhar, o poder de olhar, de poder confiar mesmo num olhar amigo, sem interesse algum nos momentos felizes e sim, simplesmente sorrir sem nenhum motivo. Ah mulheres...
18 de janeiro de 2012
Breve relato a uma pessoa preferida
há tempos devia ter feito isso, mas nunca é tarde pra morrer de culpa mesmo...
Poderia ser uma mulher, qualquer uma, como daquelas que conhecemos na noitada e ficamos ansiados a encontrá-la noutro dia. Mas não. Houve uma história, uma história diferente. Ela era desinteressada das coisas e eu desinteressante. Acho que por isso combinamos. Dois anos de convívio virtual. Eu querendo vê-la na Webcam, coisa de moleque perdido, ferrenho e comum. Ela, nem aí, fingia de desentendida das coisas. Coisa de menina, sim, era uma menina. Este era meu encanto. (!)
Com ela aprendi a conversar, a ver o mundo de formas diferentes, ela me falava de pintura, das grandezas do mundo, das vivências da cidade grande, da crueldade dos homens. ( sim, aqueles que pensam que mulher que é mulher sabe cozinhar, lavar e ser boa de cama.)Ela era boa de longe já se via seu coração, coração maior que a cara que vivia a tapas. Tapas do mundo? ó dúvida cruel, não sei, ela nunca me dizia as coisas por inteiro. Gostava de meias verdades. O nome dela? não sei, não lembro, nem sei se interessa a alguém. Descobri que ela era mulher depois de algum tempo. Isso se transformou em algo interessante.
Quis encontrá-la, tinha telefone e peguei. Guardei seu número na minha carteira. Como garoto tímido que sou, resolvi deixar pra ligá-la num dia apropriado, quando estivesse cheio de novidades e surpresas. Ora pois, guarde isto, um tio, que vivia pelas ruas dizia, 'se fores pra guerra, guarde segredos em tuas mangas.' Tentei. Segui os conselhos do velho. Fiquei esperando a hora de ligá-la e prometia, prometia um dia encontrá-la e levá-la a lugares encantadores, encantadores como suas palavras. Mas sua voz? - A voz não sabia.
Um dia, dia desses de se encontrar a família, resolvi fazer algo diferente. Fiz minhas malas e acenei ao meu povo: Adeus, estou indo de viagem. Era natal, melhor dia pra encontrá-la. As ruas vazias, cidade grande, todos moradores da grande Deusa de arranha-céus estavam indo para o interior, interior onde nasciam e se formavam e aprendiam a ser gente. Pra mim, a melhor hora, sem comprar presentes, fui me fazer presente e me aventurar em sonhos.
Enfim, a encontrei, ela era simples, dizia que não era boa de histórias e não queria falar muito de si, queria saber de mim. Era realmente um sonho, mas tive bastante tempo para desvendá-la, não o suficiente, mas o bastante para realmente amá-la de verdade. Ela me falava dos laços de Clarice, da vida de Macabéia e Doralice e Ducinéia, Dizia ser suas crias. Me contava de suas trapalhadas (não dela, das meninas) Ducinéia era a mais esperta, não esperava a noite, gostava das tardes para fazer suas traquinagens, saia de casa ia pro bar, bebia arrotava, escrevia em guardanapos caminhos perdidos e ainda sobrava tempo para sacanear o diabo. Um dia, me disse, resolveu seguí-la, a espreita, entrou na casa errada, porque o diabo é errado e Ducinéia se despia para sua cara e tara de gozo. Ela via, via e chorava. Mulher de coragem, voltava pra casa desencantada. Pensamentos mils diferentes, olhos ágeis queriam fugir do mundo, realmente desistir. Quando voltava a ser criança, e Macabéia, sua doce menina vinha e abraçava suas dores, sorria, fazia tranças nos cabelos, pintava as unhas e fantasiava uma mulher de graça. Mulher de graça ela era e sabia e confiava em sua menina. Já Doralice era forte, menina do meio, revoltada e frígida com o mundo. Gostava de se maquear, conhecer pessoas e falar-lhe amores, falar-lhe vida, brincar de palhaça e delicademente contar-lhes verdades. Doralice era uma figura, amava arte e jogar, jogar cartas em garrafas de vidros na beira da praia. Aquela mulher, a mulher que falava, não sabia contar histórias e sonhava agir um livro, mas não falava como. Ela era uma mãe.
dedicado a Olga mota.
Clayton Pires
11 de setembro de 2011
Helloween
Que era para esquecê-la
e me vestir de morte
(em pleno dia de festas
das bruxas)
Bati à tua porta
Doces ou travessuras
Havia em mim esquecido
o doce brinquedo-travesso
Quando um gesto alegria
era um eterno momento
quasequando.
Clayton Pires
e me vestir de morte
(em pleno dia de festas
das bruxas)
Bati à tua porta
Doces ou travessuras
Havia em mim esquecido
o doce brinquedo-travesso
Quando um gesto alegria
era um eterno momento
quasequando.
Clayton Pires
15 de agosto de 2011
Diálogo
‘Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.
Mulher é desdobrável. Eu sou.’ –Adélia Prado
vestida de flores
me dizes o que pensas:
do cotidiano,
na roça não há interesses
que descobriste nos reflexos
de um riacho
a lua amarela e cheia.
(no mês de agosto)
que é preciso ter coragem
de manhãzinha um trem
desce o morro pra cidade.
eu te puxo pela orelha
digo venha Adélia!
não te assustes.
eu conheço a Cidade.
24 de julho de 2011
Tardio
Tardio
faço de nossos laços sangue e escárnio,
e em minhas mãos imagens se destroem
seus olhares e seus risos – meu palácio –
que agora se esconde
entre muralhas
nuvens de fumaça
árvores e um Alerquim
já não são mais sonhos nem memória
nem fagulha nem cisco nem graça
pois da paixão arte de anjos e magos
o fracasso é um espelho entre caminhos
de areia movediça e lagos submissos
à estranheza de encontrar-se em pó.
sei da sensação de estar perdido
e de amá-la a ponto de no parque
um balanço azul no céu tornar-se tudo
enquanto nada aqui é sentido como risco,
não é preciso uma explicação maior
que o delírio de vê-la distante e fria
e me encontrar em desespero
ao ver o sol se pondo em minha carne
nesta ilha em que desfaleço desejos
em precipícios.
Clayton Pires
faço de nossos laços sangue e escárnio,
e em minhas mãos imagens se destroem
seus olhares e seus risos – meu palácio –
que agora se esconde
entre muralhas
nuvens de fumaça
árvores e um Alerquim
já não são mais sonhos nem memória
nem fagulha nem cisco nem graça
pois da paixão arte de anjos e magos
o fracasso é um espelho entre caminhos
de areia movediça e lagos submissos
à estranheza de encontrar-se em pó.
sei da sensação de estar perdido
e de amá-la a ponto de no parque
um balanço azul no céu tornar-se tudo
enquanto nada aqui é sentido como risco,
não é preciso uma explicação maior
que o delírio de vê-la distante e fria
e me encontrar em desespero
ao ver o sol se pondo em minha carne
nesta ilha em que desfaleço desejos
em precipícios.
Clayton Pires
31 de maio de 2011
25 de maio de 2011
A Orquestra
Naquela noite o teatro se movia
a platéia boquiaberta via a perfeição
da dança das bailarinas em melodia
ao tempo ao toque detalhado ao espaço
De repente me vi no fundo do palco:
um violino desatinado tremia tremia
e minhas mãos um som estranho
tocava sem nenhuma intenção
Sorria naquele momento, o medo
que não tinha e ria-se de estar em cima
do palco a euforia contida na platéia
em silêncio estremecia mil corações!
No fundo a moça tímida vestida de branco
se ria se ria e eu não sabia se em mim
era a alegria de vê-la brilhando
ou se por alguma natureza vinham
pirilampos brincar em minhas vistas
Sem esperar o fim da orquestra
ela correu até a porta, correu e eu a via
ir-se em nenhum caminho, ir-se e o violino
parecia gritar gritar gritar e eu estava feliz
Naquela noite tive um sonho.
Clayton Pìres
a platéia boquiaberta via a perfeição
da dança das bailarinas em melodia
ao tempo ao toque detalhado ao espaço
De repente me vi no fundo do palco:
um violino desatinado tremia tremia
e minhas mãos um som estranho
tocava sem nenhuma intenção
Sorria naquele momento, o medo
que não tinha e ria-se de estar em cima
do palco a euforia contida na platéia
em silêncio estremecia mil corações!
No fundo a moça tímida vestida de branco
se ria se ria e eu não sabia se em mim
era a alegria de vê-la brilhando
ou se por alguma natureza vinham
pirilampos brincar em minhas vistas
Sem esperar o fim da orquestra
ela correu até a porta, correu e eu a via
ir-se em nenhum caminho, ir-se e o violino
parecia gritar gritar gritar e eu estava feliz
Naquela noite tive um sonho.
Clayton Pìres
8 de maio de 2011
Uma quadra boba pra colocar em teu quadro
Queria saber amar,
ser mais que amigo
não saber rimar
Ser teu abrigo...
ser mais que amigo
não saber rimar
Ser teu abrigo...
6 de maio de 2011
Relicário
Relicário
(06/05/2011)
Pouco importam os poetas que passaram,
eles dizem a vida de forma tão triste e tão bela
parecem simples e insignificantes
quanto a pureza da primavera e suas cores
marcando andanças na querela de passos em luz
e não temem -fortalhões- não temem o mundo!
Tão desimportante o ato e o tombo
a escolha do roupante dos dias que se rompem sem pedir
[ tudo parece contínuo e melífluo
a fantasia de existir num sonho
que mesmo real
seja intenso e doloroso como um parto e um tiro.]
procuro a imagem do hoje e sempre,
como se não bastasse o passado a história do cotidiano em tinta
tudo fosse branco e vazio como o céu que vejo agora.
[procuro a promessa travada na garganta
o grito de esperança ao intangível.]
Trago comigo um saco de ossos roídos
e troco por um conto mesmo de carochinha
que valha ao mínimo alguma matéria, algum suspiro de cigarras de verão.
Pensei em criar canções de acalentar lembranças
e espantar fantasmas que as atraem.
um grito cortante, um ato que surpreenda
essas palavras bradas
que não saem no tom
persigo em tentativas na melodia dos pássaros
mas minha voz não tem som
não tem som!
No vagão de minha infância vejo janelas e construções
todos uniformes e andarilhos em constatações
de um futuro cheio de estrelas borradas em guache.
Saudades daquela criança vaidosa de olhos puros claridade,
antes de papai explanar sua metáfora
gritando um – já sei!
(06/05/2011)
Pouco importam os poetas que passaram,
eles dizem a vida de forma tão triste e tão bela
parecem simples e insignificantes
quanto a pureza da primavera e suas cores
marcando andanças na querela de passos em luz
e não temem -fortalhões- não temem o mundo!
Tão desimportante o ato e o tombo
a escolha do roupante dos dias que se rompem sem pedir
[ tudo parece contínuo e melífluo
a fantasia de existir num sonho
que mesmo real
seja intenso e doloroso como um parto e um tiro.]
procuro a imagem do hoje e sempre,
como se não bastasse o passado a história do cotidiano em tinta
tudo fosse branco e vazio como o céu que vejo agora.
[procuro a promessa travada na garganta
o grito de esperança ao intangível.]
Trago comigo um saco de ossos roídos
e troco por um conto mesmo de carochinha
que valha ao mínimo alguma matéria, algum suspiro de cigarras de verão.
Pensei em criar canções de acalentar lembranças
e espantar fantasmas que as atraem.
um grito cortante, um ato que surpreenda
essas palavras bradas
que não saem no tom
persigo em tentativas na melodia dos pássaros
mas minha voz não tem som
não tem som!
No vagão de minha infância vejo janelas e construções
todos uniformes e andarilhos em constatações
de um futuro cheio de estrelas borradas em guache.
Saudades daquela criança vaidosa de olhos puros claridade,
antes de papai explanar sua metáfora
gritando um – já sei!
5 de maio de 2011
Um poema concreto entendível
Na sala de cirurgia
[a criança deitada na maca
[enfermeira e duas pedras de bater faísca
[Doutor com o coração na mão
A máquina de fazer vida e seu ensurdecedor som:
Pi__________________________________________________________
[a criança deitada na maca
[enfermeira e duas pedras de bater faísca
[Doutor com o coração na mão
A máquina de fazer vida e seu ensurdecedor som:
Pi__________________________________________________________
12 de abril de 2011
Papos de Bar
Papos De Bar
#literaturanaquarta!
(12/04/2011)
O mundo não é triste. O mundo nunca foi triste. O mundo sempre girou em torno do nada e ninguém nunca encontrou o verdadeiro motivo. Para que os dias se repitam, como repetem os poetas essa pergunta: "para quê?" e repetem-se, sempre, adicionando algo à nossa rotina. Uma dose? outra namorada? Mais um ano?
O mundo não é triste. Ele pode ser até estranho, mas não triste. Alguém será se pergunta porque falo tanto dessa coisa triste?
Eu não quero falar da felicidade. Essa coisa simples. Tragédias são mais legais e dão muito mais. De onde veio? Como foi? o que é? Filho de quem? Mas ele era tão bom...
O mundo não é triste. A única coisa que me prega os olhos e me pega pelas pernas é a morte. O medo. O mundo!
Este. sim, este. Não ele não é triste. Assim como nenhuma história se começa do nada. Há sempre um pressentimento -um pré-fato- uma luz, um aviso: Eu já sabia! - como?
Não sei.
Essa mania de falar que o mundo é triste é para pessoas vazias (como quem quer impressionar e acaba de fazer uma rima.) Porém falemos de tristeza: não do mundo que nunca foi triste. Quiçá, estranho, desconhecido e fantasiado...Triste é não saber.
Imagine um bebê que acaba de sair do ventre de sua mãe e chora: Chora por quê criança? Mal sabes teu nome! me pergunto com os olhos.
E a vida continua no sorriso da mãe. Na graça dele ter chegado, na graça de tê-lo no colo e poder protegê-lo. Abraçá-lo dizendo: é meu filho!
Eu, cheio de graça, digo: triste é ser humano. Todo querendo se complicar. Cansado de ser gente. Cansado de ser pobre. Cansado das semanas. Cansado do trabalho. Cansado Por quê? Quer se mudar? O mundo continua o mesmo aqui e na China. O homem que me paga não está nem aí por saber que acabo de escrever esse texto mal redigido, também não quer saber se estava entre mim e o papel um copo de vodka ou se era pinga. Mas vai bem...Vai passar. Ele só quer alguém que produza o que o seu cliente quer e o agrade. Ok. O meu mundo vai bem. Obrigado
8 de abril de 2011
Simultâneo
Na janela a minha frente
há um monumento,
um belo monumento
um estrondoso monumento!
As vezes sinto medo
dos olhos que comparam
o grandioso espetáculo das aves
em todo fim de tarde,
a todo fechar de olhos.
Nos quadros da sala
há uma linha e a vida
que empurra e bate a porta
a cada passo, em busca
do tempo que observa
as escolhas da gente
sobre sonhos e rangidos
de cada amanhecer.
Sentimento é pedra,
a eterna repetição das cores
e a comparação da dor.
Neste momento,
o mundo é a coisa
mais insignificante a mim
entre estes escombros
desse filmes passados.
Toda história é verdadeira
e vem como um sopro
em nossos ouvidos
tentando abrir nossos olhos,
afastar o silêncio
dar sons às coisas.
Esta noite faço versos de luz
que me questionam,
enquanto vejo no espelho
minha imagem servida
em pedaços ao diabo.
Clayton Pires
há um monumento,
um belo monumento
um estrondoso monumento!
As vezes sinto medo
dos olhos que comparam
o grandioso espetáculo das aves
em todo fim de tarde,
a todo fechar de olhos.
Nos quadros da sala
há uma linha e a vida
que empurra e bate a porta
a cada passo, em busca
do tempo que observa
as escolhas da gente
sobre sonhos e rangidos
de cada amanhecer.
Sentimento é pedra,
a eterna repetição das cores
e a comparação da dor.
Neste momento,
o mundo é a coisa
mais insignificante a mim
entre estes escombros
desse filmes passados.
Toda história é verdadeira
e vem como um sopro
em nossos ouvidos
tentando abrir nossos olhos,
afastar o silêncio
dar sons às coisas.
Esta noite faço versos de luz
que me questionam,
enquanto vejo no espelho
minha imagem servida
em pedaços ao diabo.
Clayton Pires
27 de março de 2011
Chavão
Um anjo, eu quero! Um anjo!
Não me venha falar desta imagem –
O sobre algum conhecimento literário,
Da gramática ou das palavras simples, mal escolhidas:
Eu quero um anjo sem sexo! – precisa ter nexo
Todo o verbo que a gente dita ou pede ou faz?
É simples a mensagem da vida – a poesia!
– E toda a graça que há no fim.
Somos presos a essa melancolia adjetivada
A essas dúvidas e sentimentos momentâneos
Ao filme real que passa em nossos olhos – lembranças!
Ou silêncio – sendo uma doce bala,
Ou uma arma – Estando feliz
E sem nada que pese a consciência
Ou preocupado, querendo fugir da carga – O trem!
Posso até falar: Dos homens de coragem que dizem
atrás das paredes – Ele é louco – Está doente – Um desligado!
Eu só quero um anjo!
– Pode ser fantasia ou até convicção
(O real é o que há de palpável aos olhos)
Eu insisto! Um anjo! – e todas as repetições
E todos os lugares comuns que prezem em folhas
(que digam paixão ou inquietação ou fome)
Que me apareça do nada – como uma luz! Que se apaga.
Um anjo! Não me ouve? Um anjo!
Que simplesmente dê um caminho
– Me tire essa doença–
Essa alusão de que o mundo é um vácuo
Onde o nada impera.
Um anjo! Que pise de forma errada.
Que me cegue, para desejar o caminho contrário.
Que me mostre – realmente – que aparência não diz nada.
Que seja tão escroto quanto esse texto sem assunto
E forma pré-projetada.
18 de março de 2011
DESEJO
Durma agora meu bem,
durma, pois o sono silencia
o eco dessas palavras
e desses conflitos
que nos ferem e amedrontam.
Durma, pois o universo
é um mistério gigantesco;
mas ainda cabe em nossos olhos.
Clayton Pires
durma, pois o sono silencia
o eco dessas palavras
e desses conflitos
que nos ferem e amedrontam.
Durma, pois o universo
é um mistério gigantesco;
mas ainda cabe em nossos olhos.
Clayton Pires
10 de março de 2011
Signo
Como são falsos todos esses poemas,
demonstram de forma tão lúcida
a tristeza da paixão e angústia
de ver a vida passar como uma criança,
vendo carrosséis brincarem no parque
e ficar com o brilho da esperança
de poder tocá-los (e nunca conseguir).
São lampejos de sonhos encarcerados
Em busca de olhos que abriguem
As suas ânsias de sentirem-se vivos.
Conhecem só esse mundo cadafalso
onde o ator e a dama se criam
e inventam dramas e conflitos
e se rasgam em nome de guerras.
São falsos e só pedem piedade
pelo desejo de ter tudo em mãos.
Agora eles pedem a realidade,
lábios quentes colados na pele
a busca do verbo demente
flamejando a carne em trapos.
Clayton Pires
16 de fevereiro de 2011
FOTOGRAFIA
mãos sobre mãos
e o coração palpita:
um beijo sobressai
diante olhos aflitos.
na porta de meu quarto
guardo
a moldura de seu sorriso.
{para D.}
e o coração palpita:
um beijo sobressai
diante olhos aflitos.
na porta de meu quarto
guardo
a moldura de seu sorriso.
{para D.}
Clayton Pires
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